Peniche | agosto 2017
Li hoje algures aqui pela internet um texto de alguém que escrevia que os melhores livros que leu eram de alguma forma sofridos, que, coincidência ou não, nenhum dos seus livros preferidos eram livros alegres ou felizes.
As minhas músicas preferidas são quase todas mais dadas à melancolia também. Uma vez, há alguns anos, perguntaram-me porque é que ouvia tanta música triste. Na altura levei a peito, (quase como uma ofensa), não quis admitir e perguntei-me muitas vezes qual seria a razão. Sei hoje que não preciso tanto de música quando estou tranquila e alegre. É nos momentos de tristeza e desespero que a melancolia alheia me conforta, como se a catarse pudesse também ser feita através da identificação com outros seres que sentem tudo com esta intensidade também. Admiro muito quem não tem medo de ser vulnerável, expressando-se e transformando os seus momentos de maior fragilidade e descontrolo emocional em algo cheio de verdade, sensibilidade e beleza.
Talvez o sentido da vida também seja isto, a constante procura de formas de apaziguar as nossas feridas por cicatrizar. Não tenho dúvidas nenhumas de que a música também cura.