23/03/18

Reflex(ã)o





 
janeiro 2018




   "Essa actividade como que condensava dois momentos de conforto na existência de Kaas: o trabalho manual, onde os seus dedos hábeis colocavam qualquer colega em respeito, e a possibilidade de longos silêncios, ou talvez, mais adequadamente, a possibilidade fácil de dispensar o discurso. As imagens, a captação de imagens mais propriamente, tornara-se um modo de exibir algo escondendo-se; de estar com os outros do tronco para cima, se assim nos podemos exprimir, isto é: o olhar do colectivo poderia incidir no seu corpo de maneira não trocista e sem compaixão, pois, quando fotografava, Kaas era um ser humano que competia com todos os outros, ao mesmo nível: tornava-se alguém com quem se pode discutir."

Gonçalo M. Tavares in Jerusalém

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