Perguntaste-me se queria tomar café e o que percebi foi gosto de ti e preciso urgentemente que faças parte da minha vida.
30/06/19
24/06/19
re-existência
Nazaré | agosto 2018
Lenz lembrou-se até desse conflito básico entre o lápis e a borracha: a borracha que apaga o que o lápis inscreveu no exterior do mundo, atirando de novo uma palavra ou um desenho para o mundo do não explícito, do escondido, do que ainda não existe; e o lápis que depois, pela segunda vez, volta à carga, tentando forçar a existência - melhor: a re-existência- de um conjunto de traços no papel. Este voltar atrás quase mágico; esta existência que deixa de existir sem deixar atrás de si um cadáver ou qualquer resto - a folha totalmente branca, depois da acção da borracha, folha que momentos antes poderia ter suportado a frase mais relevante do mundo ou, por exemplo, o símbolo do Partido, que a todos impressionava; esse retrocesso artificial, técnico e quase monstruoso sempre fascinara Lenz e ali, naquele momento, ele não pôde deixar de associar esse avançar e recuar ao bom do louco Rafa. Eis alguém - pensou Lenz - que tem o lápis numa das mãos e a borracha noutra, e que age, depois, simultâneamente com as duas mãos.
Gonçalo M. Tavares in Aprender a rezar na Era da Técnica
17/06/19
The Inner Life of Martin Frost
- Who are you? What the hell are you doing here?
- It doesn't matter who I am.
- Yes it matters very much!
- No my darling it doesn't.
- How can you say that?
- It doesn't matter because you love me. Because you want me. So what else matters?
The Inner Life of Martin Frost, Paul Auster (2007)
16/06/19
Everything I love is out to sea
Nazaré | agosto 2018
I have only two emotions
Careful fear and dead devotion
I can't get the balance right
Throw my marbles in the fight
I see all the ones I wept for
All the things I had it in for
I won't cry until I hear
'Cause I was not supposed to be here
Everything I love is on the table
Everything I love is out to sea
11/06/19
Com unhas e dentes
Estar vivo
é abrir uma gaveta
na cozinha,
tirar uma faca de cabo preto,
descascar uma laranja.
Viver é outra coisa:
deixas a gaveta fechada
e arrancas tudo
com unhas e dentes,
o sabor amargo da casca,
de tão doce,
não o esqueces.
Luís Filipe Parrado in Entre a carne e o osso
07/06/19
06/06/19
04/06/19
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