02/09/20

meu querido mês de agosto,

 

  que começaste de forma inesperada e encurtaste tantas distâncias. agosto dos olhos cansados e das viagens longas, dos desenhos das ovelhinhas toscas mais bonitas que já vi, dos filmes e das curadorias personalizadas, das árvores robustas que tão bem cumprem a sua função. dos pés de molho e dos rios, reais e metafóricos. dos corpos na relva, do mistério das cócegas extintas e dos desenhos rupestres improvisados. dos campeonatos de jogo do sério e do mais perfeito ricochete da história da humanidade. dos efeitos especiais do sol por entre as folhas de ulmeiro e dos olhos semi-cerrados como objectivas a brincar com a luz. das pizas improváveis e das teses tolas e da pele arrepiada e das coisas que deixamos para pensar depois. das travessias de pontes, dos caminhos sinuosos, do sono, do cansaço e das confissões. da ameixa dividida, dos pés com terra e das fotografias que quase nos esquecíamos de tirar.  da esperança média de vida das formigas e do cão Vítor - ávido devorador de torradas com manteiga. das listas das nossas coisas mais preciosas. das noites mal dormidas, à distância. e das pestanas compridas, os sinais no queixo, a tua pele suave, a luz sobre as nossas cabeças e claramente, também dentro de nós. as escuridões que carregamos e também as chamas que vamos ateando por aí. E sobretudo sobre a sorte. há eternidades que duram 2 dias - e são perfeitas assim. 



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