09/06/18

mágico animal







 


 maio 2018


  
   "Lembrou-se bruscamente que num café da calle Brasil (a poucos metros da casa de Yrigoyen) havia um enorme gato que se deixava acariciar por toda a gente, como uma divindade desdenhosa. Entrou. Ali estava o gato, a dormir. Pediu uma xícara de café, adoçou-a lentamente, provou-a (este prazer tinha-lhe sido vedado na clínica) e pensou, enquanto alisava o negro pelame, que aquele contacto era ilusório e que estavam como que separados por um vidro, porque o homem vive no tempo, na sucessão, e o mágico animal na actualidade, na eternidade do instante." 

Jorge Luís Borges in Ficções

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