José Luís Peixoto | junho 2018
Gostava de ser uma daquelas pessoas habilidosas que driblam as palavras com
a língua e as usam a seu favor. Acontece que, nos momentos que mais importam, o
coração bate tão descompassado que parece que todos à minha volta o ouvem
também e a minha boca torna-se um deserto que seca as palavras tão bem
ensaiadas que nunca me chegam a sair. De qualquer forma, que palavras serviriam
para dizer a alguém que inaugurou a minha categoria de autores preferidos (como
sempre tive para a musica)? Que não sei como seria hoje se não tivesse sido atraída
por um livro com um gato preto na capa, na biblioteca da escola secundária, que
me ajudou a encontrar um caminho para chegar a mim própria e a ver na escuridão
que carregava material para fazer casa, a beleza que existe no meio do caos.
Que foram as palavras que me fizeram deixar de ter medo do escuro e que nunca
saberei como agradecer uma coisa assim.
E palavras tão lindas escreves tu.
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